quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Bruxelas

             A Bélgica, entre os anos de 1861 e 1947, figurou como um dos mais importantes centros da Art Nouveau na Europa. A casa abaixo, que foi o lar de Victor Horta, é um bom exemplo disso.
               Completamente preservada e com toda a mobília e adornos originais, foi transformada em museu. A casa ao lado também pertencente ao arquiteto foi seu escritório e faz parte do patrimônio histórico e artístico de Bruxelas. As duas casas se comunicam e mostram ao visitante o rico padrão estabelecido pela classe alta belga e sobretudo o estilo de vida sofisticado do seu morador.
               Com um partido de "casa de fita" (implantada em terreno fino e comprido com suas duas laterais coladas nas casas ao lado), como a maioria de suas vizinhas da rua, tem uma testada rente à rua e um belo jardim nos fundos do lote. Dividida entre seus quatro pisos mantém intactos detalhes preciosos que refletem a genialidade do seu interior, que completamente desenhado por Horta, revela minúcias e filigranas de extremo bom gosto. Com um desenho orgânico e detalhes de uma leveza sem paralelo o estilo Art Nouveau atinge seu ápice.
               Os cômodos bem proporcionados, mobiliados com o melhor da época une tecnologia ao bom desenho. Dos móveis brotam luminárias que entre volutas viram zenitais e balaustradas retorcidas terminam em esquadrias que tanto podem fazer parte da estrutura da casa como simplesmente compor mais um móvel de linhas orgânicas.
               Pastas de vidro, espelhos, mosaicos, entalhes de madeira, ferro fundido, latão trabalhado, prata batida, detalhes, detalhes e mais detalhes! A casa é sublime.


               A fachada, apesar de ter detalhes incríveis, é austera e bastante simples se comparada ao tratamento dado às demais casas do bairro e ao seu rico interior. Mas o estilo é inconfundível. O trabalho em ferro, muito utilizado em toda a casa, é digno de nota e as paredes de um cinza pálido contrastam com a pintura dourada desse metal. Lindo o detalhe da porta de entrada principal e da grade do balaústre superior que dá acabamento ao volume projetado sobre a rua.


               Não basta apenas ter função estrutural: tudo na casa é tratado como ornamento. A sacada pré moldada em ferro é sustentada por braços que brotam da parede e seu piso estendido vira anteparo para a água da chuva. As curvas e linhas  orgânicas partem do exterior e em tons pastéis recheiam a casa por completo.
               Imperdível para quem estiver em Bruxelas. Victor Horta é considerado, com orgulho, o principal arquiteto desse estilo e fez do ferro um material mais maleável que rígido.



               Aqui, o inconfundível e horrendo Atômium! Se existe algo construído pelas mãos do homem que deveria ter sido demolido é esse negócio aí! Agora é tarde, virou símbolo da capital. Logo ela que é repleta de obras lindíssimas. Injustiça com uma cidade tão rica de arquitetura e espaços públicos. Feito para a Expo de 1958 (Exposição Universal e Internacional de Bruxelas), a primeira feira mundial depois da segunda grande guerra, persistiu em pé e é visitado até hoje. Nada justifica manter algo tão inútil e feio! É tão feio que estraga até as lembrancinhas para turistas.



O Atômium é opressivo e muitas vezes, parece que vai sair rolando.


               Bruxelas, a terra natal do Tin Tin, virou um gibi a céu aberto. Inúmeros painéis foram pintados pela cidade, geralmente em paredes sem janelas ou em laterais feias que estragavam a paisagem urbana. Uma boa idéia que virou mania e ganhou um circuito turístico para sua apreciação. É um painel mais lindo que o outro e com os mais diversos estilos e temas. Os mais bacanas são os com temática de cartoon.



Nessa parede aparece o famoso Tin Tin que ganhou até museu na cidade.


Mais um lindo exemplar da arquitetura de ferro em esilo Art Nouveau.



               Cenas da praça mais linda da cidade e quem sabe do mundo. Não gosto muito desse tipo de comparação, mas nesse caso é quase inevitável, tamanha a beleza das fachadas das antigas corporações de ofício. Mesmo que uma fachada tente suplantar a outra o conjunto é tão harmônico que chega a confundir. Ir até lá uma, duas, três vezes é pouco para admirar e curtir todo aquele movimento em torno dos vários cafés, restaurantes, casas de chocolates etc... O edifício acima com a bandeira tricolor da Bélgica é conhecido como "A Casa do Rei" atual museu da cidae.


               Mais uma amostra das fachadas das sedes das antigas corporações. Cada qual com as características do ofício que representava. Nas fachadas as faixas horizontais, demarcadas pelas cimalhas trabalhadas, marcam bem os diversos andares com decorações variadas.  As altas janelas buscam compensar a falta de abertura em suas laterais e são características bem marcantes dessas fachadas sobrecarregadas.



               As 29 casas das guildas, ainda que possuam uma pequena variação nas suas alturas e nas larguras de suas fachadas, criam um conjunto harmônico e memorável. Coladas umas às outras, todas essas fachadas encimadas por esculturas, juntamente com as fachadas góticas da Maison du Roi e da Câmara Municipal, criam a mais famosa das praças dos belgas. 




Um comentário:

  1. Adorei! Seu lado critico e informativo faz pensar.
    Valeu.
    Bjos De♥coração

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