quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Titanic Belfast

             Belfast, a capital da Irlanda do Norte, é uma cidade muito agradável, bem ordenada e limpa. Facílima de se visitar e com o tamanho certo para um passeio breve e cheio de boas surpresas. Completamente plana e com as atrações turísticas a curtas distâncias umas das outras, sugere boas caminhadas se o tempo estiver a favor. Com uma população não muito grande e de temperamento muito acolhedor e simpático, diferencia-se das capitais mais próximas e mais famosas por sua tranquilidade. Perde quem pensa que Belfast é apenas um ponto de partida para explorar as famosas formações rochosas do norte do país e os cenários naturais de produções cinematográficas. Em termos de arquitetura pode-se dizer que a cidade não decepciona. Possui belíssimos edifícios de época e uma excelente arquitetura moderna que ganha mais força a cada ano. Um exemplo dessa arquitetura de ponta é o original e lindo museu do Titanic.


         Concebido para enaltecer a importância da construção naval para a cidade em tempos passados, principalmente no início do século vinte, época em que foi lançado ao mar seu mais célebre navio, apresenta uma forma que lembra a proa dos grandes barcos fabricados e suas docas. 
          Com uma audácia singular em suas formas, esse prédio marca a área onde antigamente eram fabricados os transatlânticos da White Star Line e de onde partiu o RMS Titanic, que hoje dá nome ao museu e recheia suas salas de exposições com tudo o que diz respeito à sua magnitude e trágica viagem inaugural.


          Bem legal o efeito conseguido pela terceira dimensão deste projeto. Seu volume é bastante dinâmico e sugere movimento. Com uma base bem menor que a área de cobertura, ele tem no térreo uma planta baixa bem simples e pequena. A medida que vence a altura, ele ganha corpo para seus oito andares superiores. Esse efeito é garantido por generosos balanços. Um a um, os andares vão se expandindo e somando área ao seu interior, totalizando doze mil metros quadrados.
          Em conjunto os quatro grande corpos, sempre com uma aresta bem pronunciada que lhes dá um aspecto triangular (proposital para lembrar a proa da nave) lembram uma hélice. Suas áreas de conexão (do volume quadrado central) são totalmente envidraçadas e funcionam muito bem, tanto de dia como a noite.


Poucos tipos de revestimento: Placas de aço, vidro temperado e lambri de madeira.
Bom gosto nas escolhas e primor no acabamento.


O letreiro, assim como todo o prédio, é muito lindo e muito forte.
A chapa metálica remete ao navio ainda em construção.


Gosto muito do encontro das diversas superfícies com os diferentes tipos de revestimentos.



O espelho d'água é, neste caso, mais que óbvio: necessário!
Em minha opinião é muito pequeno. Muito tímido!
 Imagino o prédio mergulhado em uma piscina rasa gigante...



          Os quatro grandes volumes principais, recebem como revestimento um jogo de quase três mil placas metálicas, com formato assimétrico, idealizadas para quebrar a luz solar e dotar as elevações de um efeito que lembre o reflexo das águas no casco de uma embarcação. Poucas janelas furam essas paredes acinzentadas e ganham vedação de vidro escuro sobre caixilho preto, repetindo o formato prismático das placas a seu redor.



          A estátua de bronze, de autoria do escultor irlandês natural de Dublin, Rowan Fergus Gillespie, batizada de Titânica é uma das poucas em que não imprimiu um ar deprimente e pesado. Será que a cena do filme em que os amantes abrem seus braços ao vento, na proa do Titanic de Cameron, inspirou o artista? (risos)



A forma do corpo central em vidro, também cria arestas graças à rotação sofrida na planta baixa.



O ar industrial sempre presente.


O grande espaço central usa e abusa da altura total do edifício.
 Escadas e passarelas servem de pontes de comunicação entre as quatro asas do prédio.


O interior sempre bem escuro é muito sofisticado e bem dinâmico.
Vários eixos visuais.


Acima: detalhe de uma das paredes no hall central de distribuição.
Abaixo: detalhe do teto na área destinada à fila para as cabines de ingressos.
Chapas de ferro com acabamento rústico.



Um comentário:

  1. Olá Sérgio.
    Realmente, uma obra encantadora e grandiosa, assim como o próprio navio tema do museu, em sua época. Parabéns pelo texto!
    Aliás, parabéns pelo blog. Adorei!

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