terça-feira, 1 de setembro de 2015

Riverside Museum de Glasgow

          O novíssimo museu dos transportes de Glasgow, projetado pela premiada arquiteta iraquiana Zaha Hadid, não fugiu à regra dos prédios de altíssima tecnologia e linguagem vanguardista e já detém pelo menos um título importante: foi eleito o Museu Europeu do Ano de 2013, título que abocanhou dois anos depois de inaugurado. 
        Erguido em uma região de recente desenvolvimento e processo de regeneração, junto ao rio Clyde, que corta a cidade, em um sítio antes utilizado por um estaleiro naval, funciona como propulsor do desenvolvimento da margem norte que não detém mais sua atividade industrial original.
         Ainda que relativamente próximo à outros prédios modernos e igualmente inovadores, desponta isolado na paisagem e sem relação nenhuma com o tecido e o maciço urbano da capital escocesa. Implantado em um terreno completamente plano que avança parcialmente sobre a água calma e escura do Clyde, exibe um design completamente novo e diferente de tudo que foi anteriormente construído na região.
                   


A fachada principal voltada para a esplanada de entrada em um ensolarado domingo festivo.


É muito original, o que não significa que seja bonito. Na minha opinião é meio esquisitão!
Fala sério! A fachada não parece um eletrocardiograma? (risos)


O prédio é muito fotogênico e cria contrastes bem bacanas.
Riqueza de ângulos e variedade de pontos de vista: vantagem das formas orgânicas!


O ar industrial, ainda que atual e moderno, se relaciona bem com o tema do museu e com a história da cidade.
A textura e a cor do acabamento metálico faz referência à tradição da engenharia naval.


Côncavos e convexos, retas e curvas... o apelo aerodinâmico é perfeito!
As laterais orgânicas dão uma ideia de como se comporta a cobertura.


Ainda que digam haver um projeto paisagístico, nada de bom acontece com a vegetação.
Não há nenhuma relação de valor entre o edifício e o pouco verde que o cerca.



Acima e abaixo a face envidraçada voltada para o rio Clyde.


Um prédio cinza rodeado de piso cinza! Pobreza nos revestimentos e pouco tratamento externo.




          Essas formas dobradas do teto foram executadas a partir de uma complexa estrutura metálica, muito leve mas, bastante intrincada. Seu enorme vão sem pilares é bem legal; pena que a tralha exposta atrapalhe a visão limpa do grande salão. Queria entrar em um ambiente cujo piso liso pudesse espelhar o detalhe do teto. Seria fantástico.
         Na minha opinião (respeitando toda a capacidade da arquiteta mega premiada) esse museu é um exemplo de como um acervo pode acabar com o ambiente museológico. Os diversos veículos e a forma como foram distribuídos pelo interior desse museu, acabaram por prejudicar a visualização da arquitetura. Parece que o prédio não foi feito para receber o acervo que expõem. Tamanho só... ... não interessa!


            O interior do salão principal do prédio praticamente não apresenta divisórias, fazendo com que a parte das exposições (que consome sete dos onze mil metros quadrados de área construída) seja totalmente integrada. Existem duas partes divididas com paredes que ficam nas laterais. Essas partes são acanhadas e pequenas. Há também uma pequena área no segundo piso de onde pode-se ver o piso inferior e o teto em um ângulo mais interessante.


          Insisto que o mais legal, é mesmo a linha irregular do teto, que forma o desenho do alto das paredes de vidro. Esse detalhe arquitetônico, que parece o único digno de nota, liga por meio do teto plissado as duas fachadas principais, voltadas para o rio e para a esplanada. O salão é totalmente fechado ao exterior exceto pelos dois grandes panos de vidro dessas fachadas principais o que faz o observador levantar os olhos e desfrutar do teto irregular.


A cor e o material empregado não valorizam o detalhe do teto e o projeto luminotécnico é fraco.


O plissado do teto é mais interessante que propriamente bonito e a iluminação é péssima!
O museu na verdade é feioso e o acervo extremamente sem graça: uma decepção!

    
           Tudo foi pintado com a mesma cor: algo entre o amarelo, o bege e o pistache: argh!
         O piso é liso e sem nenhum movimento: nada de degraus, plataformas ou diferenças de cotas entra as alas de exibição; nada de desenhos ou paginação.
          Tanto as paredes como o teto possuem o mesmo tratamento liso e sem graça.
        É certo que tais características são apropriadas para um museu. Principalmente este cujo acervo é de veículos. Mas o tipo de objeto exposto pode ser locado em lugares mais dinâmicos e melhor planejados. Aqui, em se tratando de um equipamento voltado principalmente para as crianças, alguma pitada de lúdico e divertido deveria haver. A arquitetura deve prever isso e não deixar que tal característica seja empregada pela decoração ou posterior montagem dos ambientes. Moral: com uma curadoria  fraca e um o acervo medíocre o que resultou foi um ambiente aborrecedor e sem graça! Disso não resta a menor dúvida.


          A grande maioria dos ítens à mostra são de difícil visualização. Isso seria aceitável caso o museu fosse instalado em um prédio já existente, possivelmente de valor histórico, mas para um projetado exclusivamente para esse fim isso é imperdoável! Mais da metade dos veículos e maquetes foram posicionados de maneira excêntrica. Algumas vezes até de uma forma lúdica, entretanto, a maioria restou prejudicada para se ver e apreciar.


Um pouquinho de movimento na rampa dos carros antigos que sobe grudada na parede...
...e no jogo de luzes coloridas nas prateleiras das motos: tentativas vãs...


Na verdade esse display, com as motos nas prateleiras, mais parece cenário brega de programa de TV

Única coisa realmente interessante e digna de nota é a luminária com as bicicletas
Muito decorativa e bastante original.


A forma como os veículos são mostrados é caótica! Não há cronologia, ordem ou hierarquia.
Muito bagunçado.


          Do pouquíssimo mobiliário existente, esse display interativo é muito interessante: segue as linhas do projeto e lembra as linhas onduladas de sua cobertura. Ainda assim não se pode dizer que é um móvel bonito.


No interior a escolha das cores também é terrível!

          O mais interessante de todo o projeto é mesmo sua cobertura. Linda! O problema é que em uma cidade praticamente toda plana e com poucos edifícios altos, ninguém consegue ver esse detalhe arquitetônico, a menos que seja uma gaivota! Mas a foto serve de consolo! (risos)


          A cobertura revela a divisão interna, que separa o prédio em três fatias e que coincidem com as áreas administrativas, de serviços e de exposição. A primeira cumeeira que tem o formato mais protuberante e projetado, cobre os escritórios e dependências de serviço, enquanto as três seguintes cobrem o salão em forma de raio. A última (acima da foto) e somente na parte reta, paralela à água, detém as instalações da loja, cafeteria, sanitários e áreas de caráter semi-público.


          Outro elemento de destaque é a superfície metálica de revestimento. Só que em um país que chove mais da metade do tempo e que o sol aparece eventualmente, mesmo nos meses de verão, esse brilho exibido pelas fotos é coisa rara!


           A mais que original cobertura, recebe o mesmo acabamento de placas de metal empregado em todas as elevações não envidraçadas do prédio. Sua forma é Indubitavelmente linda e muito original. Pena que não se tem a oportunidade de desfrutar sua vista. É uma lástima que o elemento arquitetônico mais interessante fique escondido do público.

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