quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Simmons Hall Residence Building

Logomarca do Simmons Hall


Arquitetos: Steven Holl e Tim Bade.
Engenheiro estrutural: Simpson Gumpertz & Heger.
Local: Cambridge, MA, USA
Cliente: Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Função: dormitório estudantil para a graduação.
Ano: 1999-2002.
Número de Pavimentos: 10.
Estrutura: concreto armado.
Revestimento: alumínio.
Apelido: "The Sponge".

Prêmios nos EUA:
  1. Progressive Architecture Awards/ 2000
  2. NY AIA Design Awards/ 2002
  3. National AIA Design Award/ 2003
  4. Best of Boston New Building Awards/ 2003
  5. Boston Designe Awards - Medalha Charles H. Parker/ 2003
  6. ACEC Honor Award/ 2004


               Mesmo sendo um profissional de primeira linha, não deve ter sido nada fácil para Steven Holl projetar esse edifício a pedido do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Em primeiro lugar pelas proporções do lote em relação à função do próprio prédio: um edifício-moradia para mais de três centenas de estudantes da graduação da instituição que deveria ser erguido em um estreita faixa de terra com largura de 250m e profundidade de apenas 28m. E em segundo pelo fato de ter logo em frente o célebre e icônico edifício projetado por Alvar Aalto para a mesma instituição e com a mesma função: O sinuoso Baker House de 1948 (um dos únicos dois edifícios do finlandês na América do Norte) situado nas margens do Rio Charles de frente para o skyline de Boston.

               Formado em arquitetura pela Universidade de Washington em Seattle, rumou na década de setenta para a Europa onde aprimorou seus estudos na cidade de Roma e pós-graduou-se na conceituadíssima Association School of Architecture (AA) em Londres, no ano de 1976. De volta ao seu país, iniciou sua carreira na Califórnia, mas mudou-se rápido para a cidade de New York onde passou a desenvolver vários trabalhos que lhe renderam inúmeros prêmios. 


          Como o terreno era marcadamente retangular, com uma testada muito longa junto ao passeio e voltado para o campo de esportes, o principal receio era criar um edifício com uma massa muito grande e pesada. Para evitar a construção de um bloco muito longo e totalmente compacto que formasse uma verdadeira barreira à paisagem e fechasse totalmente a perspectiva da área, Holl bolou um prédio cujo corpo possuísse enormes recortes que lembrasse o skyline de um cidade ao invés de um enorme e opressor muro. Pois bem, dessa maneira recortou o volume em todas as suas arestas e abriu canais de ventilação que permitem não somente a passagem de ar como de luz. 
           Ainda que tenha sido concebido com essa maleabilidade de formas, suas linhas se mantiveram muito duras. Muito grande, esse prédio de quase duzentos mil metros quadrados de área construída, abriga um total de 350 unidades autônomas, individuais ou compartilhadas, que podem servir tanto ao corpo discente como ao docente, além de um pequeno teatro com capacidade para 150 pessoas, academia, laboratório de fotografia, salão de jogos, centro de informática, lounges para estudo e convivência, refeitório, bar e até uma piscina de bolinhas!

            Sua forma externa ainda que muito monolítica, brinca com esses recortes em seu volume e cria passagens que ligam sua frente à parte posterior do terreno como no caso da portaria. Nessa foto é possível ver como é proporcionalmente muito estreito o terreno.


               Essa forma de volumes cúbicos, ora sobrepostos, ora cavados se repete na belíssima grelha que o reveste inteiramente. Nela também surgem algumas formas arredondadas que ao meu ver restam perdidas na composição estética. O recurso de recortar e esculpir o corpo do prédio funcionou muito bem mas, certamente as aberturas maiores com linhas arredondadas ficaram totalmente perdidas e sem propósito. Esses grandes buracos na pele foi um erro imenso! Muito feios e muito mal colocados, perturbam o observador e causam uma ruptura ao belíssimo ritmo imposto pela grelha. Os recortes na volumetria do prédio já bastavam, assim como os aleatórios favos preenchidos pela estrutura (e dessa forma sem janelas) que pontuam toda a fachada. O arquiteto infelizmente não soube o momento de parar...


               Acima um detalhe das formas orgânicas erroneamente repetidas na marquise. Como se já não fosse infeliz o bastante as formas quase amebóides estragarem as elevações, elas aparecem novamente para comprometer o que poderia ser uma bela prancha em balanço. E não me venham com desculpas! Esses buracos só estragam! Nada a ver! É notório que regras foram feitas para serem quebradas, principalmente quando se trata de arquitetura, entretanto, saber a hora certa de ir contra essas regras é uma arte! Aqui isso não se manifesta positivamente. Me lembram aquelas infelizes (que me desculpem meus antigos professores) e também horrendas janelinhas amebóides do SESC Pompéia, feitas por Lina Bo Bardi. Infelizmente o erro se repete! E aqui amplificado! Esses buracos disformes são a receita certa de como estragar uma fachada!



            Por causa de sua grelha uniforme ele recebeu o apelido de Esponja. Na verdade quem deu o apelido foi seu próprio projetista que teria se inspirado em uma esponja de banho. Naturalmente que deve ter sido um macio paralelepípedo esburacado, ou seja, uma esponja industrializada! Não deve ter sido, como dizem os mais românticos, uma esponja marinha a fonte de inspiração para o arquiteto! Convenhamos, isso é a industrializada América! (risos) Só não me venham com balela tentando dar ao prédio um ar organicista que na verdade ele não tem! Internamente os recursos adotados para dar movimento e suas linhas orgânicas e onduladas também não deram certo. Ficaram perdidas por terem sido mal concebidas, e feias por terem sido muito mal executadas e acabadas.
                Botando a ácida crítica de lado, o apelido é mesmo bem pertinente. Pelo lado filosófico essa esponja é entendida como um corpo poroso capaz de absorver e manter aquilo que provém do mundo ao seu redor. Retém tudo o que possa ser extraído do universo em que está inserido, captando cultura, atualidades, comportamento, estudos e experiências mil. Depois de entendida essa gama de informações, devolve todo o conhecimento acumulado por meio de seus graduados. É como encher e esvaziar uma esponja. Enche para tornar viável sua função, depois esvazia no processo de uso, para retornar a encher! Cria ciclos, como a troca de pessoas que entram como estudantes e depois saem já formados. Linda a ideia!


               A cada andar correspondem três fileiras de janelas. Vez por outra aparece uma janela maior que absorve quatro pequenos vãos. Essas janelas maiores se comportam muito bem, ao contrário daquelas terríveis amebóides! Nesses pontos acontecem várias atividades distintas da função de moradia. O prédio é mesmo muito dinâmico internamente, criando ambientes dos mais variados, introduzidos de forma aleatória entre os tantos dormitórios. Isso produz um movimento interno mais espontâneo e livre. É como uma cidade dentro da cidade, onde cada ala do prédio se comporta como um bairro diferente e original. Seus próprios recortes acentuam essa característica. Os três volumes superiores separados pelos recuos, por exemplo, se comportam como alas autônomas e independentes.   




               O exoesqueleto, em concreto armado revestido com placas de alumínio fosco, exibe um enormidade de pequenas janelas quadradas. Esse esqueleto portante é bastante largo e os caixilhos das janelas são fixados bem recuados, mantendo toda a espessura da parede voltada ao exterior. Internamente (como mostra a foto abaixo) elas se mantém retas. Nos dormitórios, o conjunto de janelas recebe um número fixo de nove, onde todas podem ser abertas.  





               

               Quando terminado custou aos cofres do MIT quase oitenta milhões de dólares o que o tornou o edifício de dormitórios mais caro do Instituto desde o prédio de tijolinhos projetado por Aalto. 


              

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