sexta-feira, 29 de julho de 2011

Pittsburgh

Andando pelas ruas do centro de Pittsburgh encontrei este painel:


               Seguindo a tendência mundial dos jardins verticais este painel enfeita um largo bastante árido no centro financeiro de "Pitt". Fixado sobre uma parede lisa, de um cinza quase estéril, humaniza a  área e personaliza o prédio. Comporta-se como uma grande tapeçaria tirando partido dos diferentes tons e texturas da vegetação escolhida. Seu bonito desenho e os tons de verde nos remete à estética dos anos setenta e faz lembrar a Pop Art; tira partido dos atuais recursos tecnológicos na área de jardins e de quebra faz propaganda da empresa patrocinadora. Apesar da fragilidade natural das folhagens, que certamente não resistem ao frio intenso do inverno, a obra pode ser repetida por vários anos, ou se não, outros painéis com diferentes temas e autores podem se alternar. Não há como não gostar disso! 


               Este é o PPC Place, sede da antiga companhia de vidro  Pittsburg Glass Company Plate. Ainda o mais famoso conjunto de edifícios de Pittsburgh.
               Projetado pelo arquiteto John Burgee em parceria com Philip Johnson, o "Papa da arquitetura moderna", com referências ao estilo neo gótico, muito presente nas construções de época da cidade, é composto por uma torre principal de 40 andares, uma mais baixa com 14 andares e mais quatro outras estruturas com seis andares cada. Todo o complexo se distribui ao redor de uma praça (antes seca) e suas paredes são completamente revestidas de vidro. O lobby do edifício central tem 15 metros de altura e é todo forrado com placas de vidro vermelho, bem ao gosto do estilo pós moderno em voga na época de sua construção em meados dos anos oitenta.



               Os edifícios completamente forrados com reflexivo vidro azul, num total de um milhão de metros quadrados, possuem um resultado plástico bastante agradável e suas paredes cheias de dobras que simulam mais de 230 pequenas torres, dão ao conjunto um movimento e uma profundidade incomuns nas torres de aço e vidro.



               Muito legal o ar neo-gótico criado pelo desenho dessas fachadas. O dia ensolarado torna as paredes externas multifacetadas em algo admirável. É um prazer enorme ficar nesse largo observando em detalhes os efeitos criados pela variação da luz solar e movimento das nuvens. As fachadas são um show. 
               Esta praça, cercada pelas paredes espelhadas, possui uma fonte com 140 jatos de água que brotam do chão e que fazem a festa da criançada nos dias quentes de verão. Ao centro dessa fonte foi colocado na virada do século um grande obelisco de granito rosa, que durante o natal é coberto por uma árvore gigante e rodeada por um rinque de patinação, que com orgulho dizem, ser maior que o do Rockefeller Center de New York.
               Essa nova intervenção paisagística não é obra do escritório de Philip Cortelyou Johnson, mas ficou bastante bom e deu mais dinamismo e vida ao conjunto. Mais parece um adro de uma catedral medieval, ainda que futurista, do que o coração do centro de uma cidade rica. Não foi a toa que Johnson se tornou um dos principais arquitetos do século vinte e o primeiro a ganhar o principal prêmio de arquitetura mundial: o Prêmio Pritzker.
               Só para lembrar que nosso país tem dois arquitetos laureados com o Pritzker. São eles: Oscar Niemeyer, no ano de 1988  e Paulo Mendes da Rocha, no ano de 2006.



               Aqui uma vista  que se tem da torre mais alta, de quem está na margem esquerda do rio Monongahela. De longe o prédio com seus quatro pináculos principais lembra mesmo uma torre gótica e faz referências a outro edifício famoso da cidade, que é a torre neo-gótica conhecida como Catedral da Cultura, sede da administração da Universidade de Pittsburgh. Para o clima da região essa torre de vidro funciona muito bem, pois seus vidros laminados de alta tecnologia garantem um equilíbrio na troca de calor com o exterior, tendo a capacidade de manter o ambiente interno na temperatura adequada. Seus vidros tendem ainda a refletir os efeitos indesejáveis dos raios solares por meio de componentes infra-vermelhos. Show!


               A torre principal com seus 40 andares ainda domina a região de downtown, apesar de já não ser a mais alta. Inaugurada em abril de 1984 já completou 27 anos e mantém-se como nova, graças ao uso de materiais de alta duração como alumínio e aço e a escolha de painéis de vidro não muito grandes, capazes de absorver violentas rajadas de vento.



               A Smithfield Bridge, sobre o Monongahela, é uma das mais de 450 pontes da cidade e sem dúvidas a mais bonita. Tida como a mais antiga ponte em aço dos E.U.A. é um marco da engenharia no país. Possui um comprimento total de 361 metros e seus dois vãos vencem 110 metros cada. Seus dois portais  também com referências góticas são lindos.
               No centro, local em que os rios Monongahela e Allegheny se encontram e formam o Rio Ohio, dando ao terreno um formato triandular, existem cerca de outras 10 belíssimas pontes, todas executadas em aço e pintadas predominantemente de amarelo.
               Pittsburgh foi durante anos o maior pólo siderúrgico e o maior produtor de aço do planeta, sendo uma cidade com índices altíssimos de poluição. Atualmente, a cidade possui um dos conjuntos de leis antipoluição mais rigorosos do país e um dos mais baixos índices de criminalidade, o que faz dela, uma das melhores cidades para se viver. Pena o frio!


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