sexta-feira, 21 de outubro de 2011

keukenhof

Para os amantes de flores uma lição de jardinagem e paisagismo.

              Keukenhof é um parque ajardinado perto da cidade de Lisse, muito próxima à Amsterdam no sentido sudoeste, que promove anualmente, na estação das flores, um espetáculo famoso no mundo inteiro. Os jardins criados apresentam uma série de flores de rara beleza em composições das mais criativas e originais.


               Geralmente o parque abre seus portões na última semana de março e fica aberto até a segunda quinzena de maio. Durante os três meses em que fica florido os jardins são constantemente refeitos e permanecem extremamente limpos e organizados: nada fica fora do lugar. Sua fama decorre principalmente da quantidade de espécies que exibe, dando especial destaque para as tulipas. A melhor época para ver as tulipas é em abril. 




               Tudo começou com uma idéia do prefeito da cidade de Lisse que pretendia promover e incrementar o comércio de flores em seu município. Assim no ano de 1949 a pequena cidade holandesa abriu sua primeira exposição para floricultores de toda a região. O sucesso fez com que a iniciativa ganhasse vulto e resultou no mais procurado destino turístico dos Países Baixos depois de sua mais famosa cidade: Amsterdam..


Atualmente a Holanda é o maior produtor e exportador de flores do mundo.



               As Tulipas que são originárias da Turquia foram trazidas e plantadas pela primeira vez em território holandês no ano de 1593. De lá para cá se tornaram um dos símbolos dos Países Baixos.



               Os jardins levam o nome de uma área  dominada por um castelo do século quinze que tinha como tradição a caça e o plantio de ervas. Seu nome significa "jardim da cozinha", justamente em alusão ao jardim de ervas finas e temperos que eram ali plantados para serem consumidos na propriedade.


               Mesmo que a época das exibições de flores fique restrita a apenas três meses por ano, o restante dos terrenos ao redor do Castelo de Keukenhof não fecha e mantém uma agenda repleta de festivais, apresentações teatrais e de música clássica.









Não é raro no meio dos canteiros de flores aparecerem esculturas dos mais diversos estilos e materiais.







               Adoro esta fotografia! O bosque não é muito fechado e deixa transparecer o céu ao fundo, o que torna tudo muito mais iluminado. O gramado da direita ganha bastante destaque e tem sua continuidade interrompida por poucos canteiros de flores coloridas, enquanto que do lado esquerdo ele faz uma pequena moldura para um campo de tulipas. Duas formas diferentes de tratar o solo ao elaborar um jardim. Gosto desse contraste que dá dinamismo à região dominada pelas árvores de grande porte.


Dentre tantos, um canteiro com as famosas tulipas negras.


               Em primeiro plano uma escultura abstrata com formas livres seguida por gramado, canteiros bem definidos de tulipas monocromáticas, lago, jatos d'água e fundo fechado com árvores. Nenhum dos elementos presentes competem entre si. 



Ondas coloridas de várias espécies de flores em um jogo que desafia a imaginação.



              Acima, detalhe do jardim com mudança de vegetação muito bem definida, sem o artifício daqueles abomináveis divisores de canteiros feitos em plástico verde ou preto com ou sem borda. Aqueles ridículos divisores plásticos não somente encarecem a execução do projeto paisagístico como causam um efeito devastador no resultado final. Nunca ficam satisfatoriamente disfarçados e atrapalham mais do que ajudam. O pior é que virou febre ente os paisagistas que se mostram incompetentes para freiar mais este gasto, cujo custo-benefício não é bom o bastante para que seja justificado seu uso. E mesmo que fossem bons, seriam totalmente dispensados pelo simples fato de que são medonhos: motivo suficiente para não serem aplicados!


                Uma característica local que muito se difere dos jardins praticados no Brasil é a pouca integração da vegetação com os espelhos d'água. Inexistem plantas aquáticas e pouquíssimas vezes os maciços vegetais invadem as áreas molhadas.  É, em todo o parque, bastante clara e bem delimitada a linha que separa os belos gramados dos rios e lagos. O plantio de toda a vegetação é feita de forma a enaltecer o gênio criativo humano, mostrando a cada curva que todo o conjunto floral, em suas mais diversas combinações, é resultado do estudo e da intervenção direta do homem. Em nenhum momento a paisagem suscita um crescimento natural e espontâneo como aquele praticado na Europa, por Capability Brown, na era georgiana e em território inglês, conhecido como "jardim natural".



Cenas de um jardim que abusa da profundidade.




               Abaixo, um ângulo de um comprido e largo canteiro ajardinado. Nessa foto a disposição e escolha das flores não são o mais importante a ser notado e sim a perspectiva acentuada pelos elementos vegetais. A longa cerca viva da margem direita, composta por duas bem demarcadas linhas de vegetação de pequeno porte, com cores bem contrastantes, em conjunto com a série de árvores plantadas rigorosamente em linha e com espaçamentos uniformes, marcam o ritmo, delimitam os espaços, criam um obstáculo físico e reduzem o campo visual levando o olhar para o ponto focal ao fundo da paisagem.


Narcisos, Tulipas e Jacintos se alternam em maravilhosos canteiros.



               Na foto anterior vê-se novamente a terra à mostra. Aqui não existem aqueles cascalhos, cascas de côco, brita ou seixos rolados tão difundidos no Brasil. Aí vem a pergunta: por que não permitir que parte da terra fique aparente? Afinal, as próprias cor e textura da terra já fazem uma moldura interessante entre o gramado e os canteiros floridos. O uso de materiais secos para cobrir parte do terreno em que não vai vegetação não é totalmente condenável, mas deve ser pensado como uma opção e não como uma obrigação! Acima uma amostra de como a cor escura da terra pode funcionar muito bem, descartando todo e qualquer elemento que possa poluir a composição.


               Canteiros com linhas geométricas. Legal notar a margem feita entre o gramado e o passeio pavimentado com um tom de verde levemente mais escuro (no alto à direita da foto). O efeito é resultado das diferentes alturas dadas pelo corte na grama. Esse efeito também pode ser obtido com o plantio de diferentes espécies de grama ou ainda de diferentes qualidades de tapetes vegetais: bela e simples solução.
                A barreira de vegetação com espécies de médio e grande porte do lado esquerdo, que mistura de forma espontânea diversos tipos de folhagens com cores e texturas diferentes, cria um fundo lindo, que apesar de não acompanhar o desenho ortogonal dos canteiros não compromete a beleza do conjunto.
              O ponto negativo desta área recai sobre a colocação desordenada das esculturas, visto que o partido prioriza a geometria e o desenho rebatido. A forma aleatória com a qual foram dispostas as diferentes obras de arte causa um pequeno ruído que pode incomodar aqueles mais detalhistas.







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