terça-feira, 3 de julho de 2012

Fachada Verde

               Esta fachada revestida com vegetação, pertence à um edifício localizado em uma grande avenida da cidade de Bogotá. O partido, ainda que não apresente mais nenhuma novidade, é sem sombras de dúvida uma bela alternativa para o local. Fachadas ou paredes com jardins verticais pipocam pelo mundo todo como uma moda e ao contrário de outras tantas tendências, comporta-se sempre com eficiência e beleza. 
               O sistema adotado prevê que as espécies nativas introduzidas na fachada tenham auto-suficiência e façam a auto-polinização. A irrigação será mantida e controlada por controles remotos e agirá também como meio de reposição de nutrientes e defensivos agrícolas.
                


               Aqui a inclusão desta parede verde no meio do maciço urbano é perfeita. A cidade além de muito poluída tem suas fachadas ainda muito mal tratadas e as cores quando presentes são muito tímidas. A maioria dos bons edifícios levantados nas décadas de setenta e oitenta, até inícios da década de noventa tiraram partido do tijolo aparente e as construções do final do século passado e início deste século repetiram a receita da arquitetura moderna desenvolvida em todos os outros países do globo: vidro, granito polido e aço. Dessa forma a cidade detém poucas intervenções com cores.
               Em seus oito andares de fachada, este edifício presenteia a rua com uma palheta de verdes que muda conforme a estação do ano, além de anular os efeitos negativos do ar extremamente poluído e  absorver parte do ruído da larga via. São mais de vinte mil plantas que representam juntas cerca de cinquenta e cinco diferentes espécies da flora local, colocadas de maneira a conferir, aos seus quase quatrocentos metros quadrados de fachada, um ar bastante homogêneo.



               Assim, foi conseguido uma fachada sempre limpa e renovada. A pobre volumetria e o desenho simples e puro das janelas contribuem para que a vegetação seja o detalhe a ser notado. A fachada, uma das maiores elevações verdes do país, ainda tira proveito da vegetação de alto porte existente na calçada, que abre suas copas acima de sua marquise. Note que as janelas possuem um grande pano de vidro somado a uma pequena abertura lateral, o que colabora para a linha mais limpa da fachada. Estas janelas, cuja abertura é sempre muito pequena e geralmente oscilobatente são muito comuns em cidades de clima frio.



               Acima o edifício já acabado e na imagem a seguir sua maquete eletrônica. O projeto desse edifício não foi concluído como propunha a imagem abaixo, tendo os dois primeiros pisos sofrido uma sutil, porém piorada, mudança. O belo pano de vidro da direita deu lugar a um pesado quadriculado cinza e as paredes brancas foram substituídas pelos tradicionais tijolinhos à vista. Mas, o mais importante foi mantido: seu jardim vertical.
               Um belo detalhe que por fim foi anulado com as mudanças na fachada é o belo pilar que desponta por trás do pano de vidro e domina o pé direito duplo da área comum do térreo. Na ilustração noturna a seguir este detalhe ganha maior ênfase. A proteção metálica que cobre a entrada e dá mais dinamismo ao conjunto frontal também foi outro elemento esquecido. Os toldos de cor avermelhada também não se comportam de maneira atraente. A parte de baixo não tem nenhuma integração com o corpo principal do prédio: uma pena.
               A platibanda recuada que aparece na maquete não é notada na rua. Não há distância suficiente para o olhar perspectivado. Essa falta da visão da linha de peso superior faz falta ao conjunto que parece inacabado.



               Terminado e entregue no dia 01 de março de 2012, o projeto é resultado de uma intensa pesquisa e um ótimo planejamento que resultaram numa marcante e e diferente imagem com fortíssimo apelo ecológico. Tal imagem é mais que apropriada para a função hoteleira que detém o prédio e mais que conectada aos tempos modernos. Seus autores formam um grupo de arquitetos, engenheiros e biólogos que defendem o uso desse tipo de revestimento externo para ajudar no equilíbrio ambiental das cidades modernas. Afirmam que além dos benefícios ecológicos, dentre eles a renovação do ar (sua vegetação é capaz de filtrar até 85% das partículas poluentes em suspensão) e o equilíbrio da temperatura interna, existem outros ganhos econômicos: o marketing quase imediato e gratuito e a transformação do imóvel em atração turística, revertem em dinheiro e notoriedade aos seus investidores.
                O edifício colado na extrema do lado esquerdo não foi executado como mostram as ilustrações acima e abaixo. Ao que tudo indica a marcante linha branca que emoldura o pano de vidro e fica projetada em relação à fachada vegetal vai perder corpo e muito provavelmente ficará recuada. 
                É lastimável que no momento da execução, pelos mais variados motivos, os projetos de arquitetura sofram com mudanças que nem sempre melhoram o resultado plástico, alterando a ideia dos projetistas e comprometendo os estudos técnico e formal.
                Este hotel fica na Carrera 15, quase esquina com o Parque El Virrey, no bairro de Natividad. Em uma região de classe alta muito movimentada e repleta de boas opções de hotelaria, este projeto se destaca por saber aproveitar de forma simbólica sua ótima localização. Tira o máximo de proveito da proximidade da grande e famosa área verde de lazer e transforma sua fachada em um prolongamento do famoso parque público





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