terça-feira, 5 de agosto de 2014

MIT Chapel em Cambridge / Massachusetts


          A Capela Kresge, ou simplesmente a Capela do MIT (Massachusetts Institute of Technology), foi projetada na década de cinqüenta pelo famoso arquiteto finlandês naturalizado norte-americano Eero Saarinen (1910-1961).
          Está localizada no Campus do MIT, em local de grande destaque e importância, tanto para as instalações do Instituto quanto para a cidade de Cambridge, que o acolhe. Esta cidade é vizinha de Boston da qual é separada pelo rio Charles. Cambridge é o lar de duas das mais respeitadas instituições de ensino dos Estados Unidos da América: o próprio MIT e Harvard.


          A muito tempo eu desejava conhecer esta pequena capela por considerá-la muito interessante e original e também por se tratar de uma das pouquíssimas obras arquitetônicas de Eero que tinha conhecimento. Confesso que ainda hoje não conheço muito de sua obra além dos clássicos como o incrível terminal da antiga empresa TWA no Aeroporto JFK (1962), a Miller House (1957), o sensacional David Ingalls Rink (1958) e do impressionante Gateway Arch de Saint Louis no Missouri (1947).


          Capela é um templo cristão secundário, com o objetivo de atender a um grupo específico e menor por meio de uma construção mais próxima ou um apêndice integrado a outra de função distinta como um hospital ou um colégio. O termo secundário se aplica pela hierarquia existente entre os diversos edifícios de cunho religioso onde a Catedral é o edifício principal de uma diocese, a igreja o templo primeiro de uma paróquia e a capela é a igreja menor sem culto diário. Existem ainda as Basílicas, Basílicas Menores e as Abadias. Se a capela estiver em lugar ermo pode ganhar a denominação de Ermida.
          Saarinen projetou um pequeno templo cristão para o MIT em um corpo próprio e independente de qualquer outra estrutura pré existente. Adotou a forma cilíndrica e escolheu um material muito aceito pela comunidade  e já usado em larga escala nos prédios estudantis: o tijolo. Entretanto, fugiu do convencional e buscou uma linguagem moderna e diferente de tudo que havia antes, como prova a Planta Baixa mostrada acima.   
  1. Espelho d'água;
  2. Escada de acesso ao subsolo com entrada pela direita do altar;
  3. Altar;
  4. Salão;
  5. Corredor de acesso envidraçado;
  6. Hall de entrada com duas portas de comunicação ao jardim;
  7. Acesso ao andar inferior;
  8. Parede interna ondulada;
  9. Parede externa lisa.
          Nela ainda é possível ver o desenho das cabeças das sapatas que sustentam os pontos dos arcos (impostas) que tocam a estrutura de apoio (a própria sapata). 


          Antes mesmo de se formar em arquitetura, no ano de 1934, pela Universidade de Yale, Saarinen já havia estudado escultura em Paris e certamente iniciou seu aprendizado e inclusão no mundo das artes muito precocemente no seio familiar. Filho de pai arquiteto e mãe escultora e fotógrafa, Eero percebeu desde cedo valores que traria para sua obra futura. Atingida sua maturidade profissional, passou a desenvolver edifícios onde a estrutura tem presença marcante e importância ímpar, fundindo-se aos demais elementos formais da obra, para constituir o todo, como partes iguais. Nessa Capela isso fica bem claro! A estrutura se comporta como parte do desenho final, sem máscaras ou coberturas. A concepção do espaço parte da elaboração e do requinte das formas construtivas.

          Com uma escala humana agradável e sem o historicismo fake dos prédios circunvizinhos, A Kresge Chapel representou uma resposta modernista ao tradicional recorrente na cultura acadêmica da época. Apropriado para um Instituto de Tecnologia e conectado aos avanços estéticos de seus contemporâneos mais famosos o desenho de Saarinen foi elevado à categoria de clássico da arquitetura mundial. 

           A Capela é quase perfeita! Só não entendo por que a peça que sustenta o sino não foi elaborada pelo próprio arquiteto, já que tinha formação em artes. Vale lembrar que desempenhou um papel muito importante na história do design mundial com suas cadeiras e mesas Tulipa. Sua desenvoltura e originalidade no desenho de mobiliário lhe valeu dois prêmios antes mesmo de lançar estes móveis tão famosos.

         O elemento escultórico fixado na laje de cobertura descentralizado e  bem próximo ao limite do prédio funciona como torre sineira. Alta, metálica e repetindo as linhas dos arcos da base do prédio é de autoria do pintor e escultor americano nascido na Polônia, Theodore Roszak (Não confundir com o historiador que possui o mesmo nome). Foi adicionada posteriormente, ainda na década de cinqüenta. Eu particularmente acho essa torre mais que feia: medonha! Não chega a estragar a fachada, mas por pouco! Ainda bem que as paredes de quase dez metros de altura chamam tanto a atenção que a torre pode até desaparecer misturada ao fundo. Isso porque (ainda bem) é uma estrutura de linhas bem leves e nada agressivas. Mas continua feia pobrezinha! De alumínio fosco ergue-se na linha do altar entre a beirada da Capela e seu óculo.


 
          O pequeno arco pleno, ladeado pelos dois maiores, marca a exata posição do altar. Estes arcos dão brilho à fachada que conta com outros abatidos e bem sombreados que sustentam a parede externa. O mais interessante de todos os detalhes dessa construção é justamente a existência de duas paredes paralelas, onde a interna ganha uma sutil ondulação para dar movimento ao que seria uma simples parede curva e ao mesmo tempo absorve problemas de reflexão sonora. Essas paredes não tocam o chão e permitem a entrada de luz refletida pelo lago que avança por baixo da estrutura até encontrar a laje do piso e uma terceira agora mais baixa que funciona como guarda-corpo (vista em outras fotos revestida com lambris de madeira). 

         Voltando à fachada, vemos ainda a parede lisa e de cor mais clara que veda os tímpanos dos três arcos principais. Essa é desprovida da linha de vidro que existe nos arcos com menor flecha e por isso impede a entrada de luz e dos reflexos da água ao interior. Fica atrás do altar e da escada que desce rumo ao subsolo. Seu objetivo passa a ser conceder um eixo à edificação cilíndrica e orientar o verdadeiro sentido da circulação interna e informar ao exterior seu correto lay-out. Desse modo, quem passa pelo lado de fora é capaz de saber onde fica a mesa cerimonial, o óculo superior e o órgão.


          Nessa imagem é fácil notar a diferença na profundidade das paredes lisas em relação à pele de tijolos. Nos arcos plenos ela aparece bem mais à frente do que no arco abatido ao lado. Apesar da sombra existente, fica fácil perceber essa alteração na cota. O lago, portanto, avança mais fundo nesses arcos abatidos e dele partem reflexos da luz solar para dentro do ambiente que entram através da linha de vidro entre a parede ondulada e o guarda-corpo.


        Um corte mostrando as duas paredes e o guarda-corpo. Notar o trabalho vazado dos tijolos na pele interna. Esses furos entre os tijolos servem também para difundir o som que por eles entra e é levado pela curvatura do edifício ao outro lado do recinto, nesse tipo de tubulação, limitada pela laje que aparece a meia altura entre as duas principais paredes e por um anteparo liso e mais refletente ao som. Engenhoca!!! Coisa de gênio mesmo! Mas será que funciona? Não tenho muita referência nesse sentido. Mas que é original é, resta saber se além de bem bolado o esquema valeu todo o esforço. No desenho aparecem ainda as sapatas,  o modo de assentamento dos tijolos, o lago e sua fina laje, a parede de fundo do lago, a altura do contrapiso interno, a parede do andar inferior e  a linha de vidro por onde se vê a água. Essa parte do projeto é sensacional! 


          Os arcos ganham uma moldura de acabamento que passa a ser o único detalhe decorativo da fachada. A sombra com formato irregular denuncia uma pequena inclinação entre a parede do tímpano e o intradorso do arco. A pequena mureta entre o passeio e o fosso é algo exagerado e não deveria existir a menos que o gramado acabasse ali. Pelo menos serve para sentar e tirar uma bela foto! (risos) Mas não combina com todo o requinte mostrado anteriormente. O que salva é o fato de sumir a mediada em que a distância à Capela aumenta. Mas com tanta coisa eu fui  invocar logo com a a muretinha! (risos)

 
          Mas essa  muretinha que circula a lâmina de água acaba se tornando, mesmo, um elemento de mau gosto que, ao meu ver, acaba com o requinte e a sutileza do projeto. É amador demais e chama muito a atenção. Posso ser demasiado exagerado nessa minha crítica, mas realmente detesto a inclusão de um elemento que seja dispensável, ainda mais quando causa um desconforto visual e deprecia a obra. Se, como falei anteriormente, esse pequeno obstáculo de concreto tivesse a função de barrar a cobertura vegetal, tudo bem, mas como o passeio público já separa o gramado do fosso ela se torna obsoleta. Mesmo que a sua existência tenha razões de segurança em virtude do fluxo constante de ciclistas ou ainda pela precipitação de neve no inverno, ela poderia ser tratada de outra forma. 
             

          As paredes de tijolos vermelhos seguem a tradição das construções locais, diferenciando-se pelo fato de incluir em sua confecção peças salientes, disformes ou quebradas. Esse recurso garantiria uma textura mais rugosa e menos óbvia, ao gosto do arquiteto. De fato é um belo detalhe, ainda que pareça ao observador comum um defeito imposto pelos anos. Eu particularmente gosto desse "quebrado" que torna a parede mais viva, mas há que entender que ao olho menos técnico e mais ordinário esse detalhe pode ser entendido de maneira equivocada e parecer que os tijolos sofreram danos posteriores.


          A entrada à Capela é feita por duas portas colocadas viz à viz, no início de uma passarela coberta e vedada por estruturas metálicas e vidro em ambas as laterais. Esse túnel encontra, à direita de quem entra, uma circulação vertical (escada) que leva ao subsolo e do outro lado uma grande porta que dá acesso direto ao corpo principal. A diferença de altura (pé-direito) entre os dois recintos é enorme (como se vê por fora). O corredor é bem baixinho e o espaço aberto de formato cilíndrico, com cerca de 15 m. (quinze metros) de diâmetro, tem um teto muito mais alto. Infelizmente o acesso ao andar de baixo estava proibido e não foi possível a mim visitar a sacristia e os outros aposentos no subsolo.          

        Visível na fotografia de cima, um detalhe que considero muito bonito é a parte em que a água passa por baixo desse corredor sem ser interceptada e mantendo a total circunferência do fosso raso. Pelo menos essa deveria ter sido a ideia original. As peças que estão abaixo da passarela devem ter sido colocadas posteriormente e deveriam ser retiradas imediatamente. Outra coisa que acredito possa ser diferente é a altura da lâmina de água. Atualmente muito baixa ela deveria ser cheia até atingir o início do triângulo rosado da sapata, cobrindo toda a superfície de concreto. O revestimento do lago também deixa muito a desejar.

         Outro detalhe de grande beleza é a cor da porta. Quente e iluminada! Com apenas uma única folha bem moderna, tira partido de suas linhas simples e puras para obter grande efeito visual com sua tonalidade. Lisa tanto por dentro como por fora, portanto livre de qualquer elemento decorativo, seu destaque recai em sua cor amarelada. O problema é que abre para fora e não recebe nenhuma proteção.

          Outro detalhe que enriquece o design é a característica de seus vidros. Eles possuem uma textura de garrafa com nuances esverdeadas que nubla o exterior e remete àqueles das janelas medievais. Vidros são importantes na história dos prédios religiosos e Saarinen compensa a falta de janelas com esse corredor. Essas placas translúcidas, que criam um desenho desencontrado, dão à circulação uma sensação de privacidade e acolhimento, sem contudo eliminar o mundo externo por causa da abundante luminosidade. Diferente da Capela que, introspectiva, rompe quase que totalmente com o mundo à sua volta.
          Todo esse encanto concedido ao corredor do lado de dentro pouco tem a ver com seu lado de fora. A grandeza de relações que ganha não corresponde ao efeito externo. Interessante porque por fora parece mesmo que não faz parte do projeto, tendo sido construído em um tempo futuro. Mas depois que se entra a ficha cai! E... como cai! É quase um "Ohhhhh"! Nessa hora percebe-se que aquele corpo coadjuvante pelo lado de fora merece mesmo um Óscar! Um Pritzker, para ser coerente!
          
          O canteiro retangular nos dois lados da entrada faz parte do projeto, mas essa vegetação é sacanagem! E a sujeira e o estado do fundo do lago? Nem parece que está em um país rico...


Mais de perto... como fica bonita sem aparecer a a torre do sino! Nada em seu topo seria melhor...
O corredor envidraçado não parece fazer parte do projeto original! 



          Do outro lado a fachada mais sombreada. O volume de vidro encontra um grande arco que marca o portal interno. Dois pequeninos arcos (na foto só se vê um) emolduram a passarela e arrematam os outros mais abatidos. 
          A diferença na altura pode ser vista por fora e sentida por dentro. O teto do corredor bem baixinho ganha detalhes em madeira. Os vidros distorcem as imagens externas e criam internamente um padrão uniforme. O desenho do caixilho é bem da época!

          Tira essa mesinha daí! Eu gostaria de ver um teto mais liso para brincar com o paralelismo. Parede contra parede e teto contra o piso. Esses quadros de madeira fixados abaixo da laje são bonitos e aquecem o ambiente ,além de absorverem o som, mas gosto da coisa do diálogo entre opostos, de espelhar e formar pares! Sem eles aumentaria a sensação de profundidade e concentraria mais o foco no altar.


          O corredor visto desde as portas de entrada, em direção à porta dupla da Capela com o altar ao fundo. Esse corredor cria uma ante-câmara que cerimonializa a relação e impõe respeito. Além de servir como elo entre o público e o semi-público incorporando a ideia de hall de entrada e circulação de acesso, ele alonga o caminho de quem entra e continua o trajeto (ao centro do ambiente) por entre as cadeiras, dando a impressão de um corpo de nave, perdida no partido redondo.


          Com as portas abertas o altar fica à vista de quem imediatamente entra no túnel envidraçado, como se fosse mesmo um único ambiente. Veja que não há diferença no piso que se mantém limpo e claro por todos os cantos. O teto baixo e as paredes muito próximas preparam a pessoa para o grande espaço que vem à frente. Quando fechadas essas portas eliminam toda a interferência do exterior, tanto sonora como luminosa, tornando o recinto muito escuro e completamente separado do mundo exterior. Esse é o propósito desta obra, que não possui nenhuma janela, permitindo a entrada de luz apenas pela claraboia acima do retábulo de mármore e pelos sutis reflexos da água nas paredes onduladas.


          Ao entrar, o olhar fita imediatamente a inacreditável cascata de placas de metal dourado, concebida por Harry Bertoia. Ele não poderia ter sido mais feliz ao criar esse pano de fundo para o alvo monolito de pedra. É uma das peças de arte decorativa mais belas que já vi e sem a menor sombra de dúvidas a mais bem colocada. O efeito é sublime e totalmente adequado ao tema. Muito bem composta e totalmente integrada ao o conjunto. A obra de arte é linda e interpreta a tônica do projeto arquitetônico, repetindo sua simplicidade e obtendo um efeito colossal.
          Nenhuma estátua, nenhuma imagem, nenhuma citação, nenhum símbolo religioso. Nada! Somente a obra de Bertoia e os trabalhos de tijolos nas paredes onduladas decoram o ambiente.
                    

          Um vitral colorido e temático aqui seria impensável! A superfície lisa do material de vedação desse fechamento, com seu efeito translúcido e sua cor branca, vira uma fonte de luz potente e que dá mais força à cascata que do óculo despenca! A imagem que passa, é que bênçãos dos céus estão caindo sobre o altar! É lindo! Eu repito!
           O rebaixamento do teto é mais alto junto às paredes e vai perdendo altura e descendo inclinado rumo ao anel circundante da zenital. É propositadamente pintado com uma tinta escura. Ninguém lembra de olhar para cima! Muito interessante. O foco é sempre a claraboia e o altar! Fantástico! Exemplo de como a arquitetura pode induzir o comportamento. 


A escada de acesso ao subsolo por trás do altar.


          Poucos materiais de acabamento e muita riqueza de detalhes! Essa é uma boa arquitetura! Comparada à uma peça de alfaiataria onde o corte exato e caprichoso vale muito mais que o excesso de bordados e detalhes essa obra opta pelo conceito bem executado e prima pela exclusão dos enfeites exagerados, maneirismos e virtuosismo decorativo. 
            O piso liso, as paredes de tijolos e a meia parede de lambris de madeira dialogam perfeitamente. O altar em pequeno patamar circular de três degraus repete o formato do prédio e fica rigorosamente abaixo da claraboia translúcida e monocromática. 



Meia parede de lambris, guarda corpo de madeira, quadros de tijolos desenhados.

A linha de vidro entre a parede independente e a estrutura interna.


O sutil efeito da luz refletida pela água. 


Muitas ondulações que não ofuscam a simetria!

O órgão marcando a porta de acesso.
                 

          Acima da porta de entrada o órgão sobre o balcão. As leves cadeiras de madeira e assento de palha também conferem leveza e modernidade além de garantirem maior conforto. A iluminação pontual no teto acentua o efeito das paredes orgânicas e dão dinâmica ao padrão dos tijolos. 


          Na fotografia de cima aparece no canto direito inferior (em segundo plano) o tratamento diferente dado à colocação dos tijolos. A maneira diferenciada no assentamento das peças cria quadros perfurados. Essa parte vazada com buracos retangulares serve para permitir uma circulação de ar (cujo movimento refresca o interior) e compensa a absorção sonora dos tijolos. Esses pequenos vãos se abrem para o oco criado entre o gordo das paredes onduladas (internas) e a parede circular (e uniforme) externa. As ondulações internas trabalham de forma acústica para impedir uma aleatória reverberação do som para todos os lados, bem como a textura dos tijolos. As madeiras das paredes restantes também colabora para diminuir a inadequada reflexão dessas ondas sonoras. 

Auditório Kresge

                     Auditório Kresge                                                MIT Chapel

          Desenhado também pelo Saarinen, esse auditório, que do mesmo modo que a Capela, leva o nome de seu patrocinador, foi concebido como uma casca de concreto apoiada em apenas três pontos. A cúpula é cortada em três faces idênticas que criam um arco abatido fechado inteiramente por uma cortina de vidro que cai diretamente ao chão. Moderníssima para a época a cúpula era considerada muito fina e leve e foi executada em concreto armado cobrindo uma área triangular. O seu material de vedação acabou sendo um problema ao longo dos anos e foi trocado algumas vezes. Atualmente o revestimento da cobertura é de placas de cobre. esse material não obedece ao projeto que previa a fixação de placas de mármore, vetadas por causa do seu alto custo. Folhas de calcário muito finas foram colocadas para tentar garantir a aparência clara e lisa idealizada por Saarinen para esse telhado, mas apresentaram problemas técnicos e foram trocadas por chumbo que também não se mostrou adequado. Por fim em 1979 o telhado foi refeito e permanece igual até hoje.

        Com desenho muito puro e linhas bem suaves, ainda parece muito atual, diferente da Capela que já é bem datada. O desenho do auditório parece ser capaz de vencer o tempo e ficar sempre na moda. Sua cobertura e suas paredes de vidro não cansam. Seu formato tem linguagem universal e atemporal.


          Nesse projeto o espírito inventivo do autor aflora e trata o edifício como uma escultura. Suas linhas muito inovadoras para a época, ilustram a vontade de plantar no Campus uma linguagem arquitetônica diferente, provocativa e corajosa imbuída do sentido de progresso com uma filosofia vanguardista, em outras palavras, construir algo diferente dos edifícios tradicionais elaborados sob a ótica tradicionalista e  tutelados por linhas, proporções e esquemas clássicos.
            Muito combatido na época, esse domo ao rés do chão, passou a ser considerado com o passar do tempo uma das estruturas mais belas de toda a Cambridge.
            Também concordo que é muito bonito, Só sinto falta de uma entrada mais formal e bem marcada. A acanhada porta que se mostra apenas pela quebra do ritmo das esquadrias poderia ser mais trabalhada e ter uma fácil identificação. É chato ficar dando voltas em um prédio procurando por onde entrar! (risos). Nesse ponto a quebra com as normas clássicas poderia ser mais branda.


          Pode parecer exagero mas, esse original auditório junto com a Capela Kresge, separados pelo espaçoso gramado conhecido como Kresge Oval, são considerados um dos melhores conjuntos de arquitetura norte-americana dos meados do século vinte. Eu particularmente não os vejo como complementares. Não acho nenhuma relação entre eles, além de servirem à mesma instituição de ensino e de terem sido pagos pelo mesmo mecenas. Penso mesmo que um nega o outro e que não há nenhum elemento formal ou decorativo que indique que formem um conjunto ou lhes promova um elo de ligação. Suas estruturas são completamente diferentes e suas implantações obedecem mais ao urbanismo da área do que uma correlação entre prédios. Assim, ao meu ver, não existe absolutamente nada que diga que formem um conjunto ou que pelo menos tentem dialogar. Ainda bem que existe esse tal gramado que os distancia. Todavia, juntos ou separados (não importa) os dois são belíssimos exemplos de arquitetura.


          Abaixo um desenho de parte do Campus do MIT, com a capela e o auditório. Infelizmente a Capela não é assim aberta para a rua. Bom se fosse, mas no local onde está desenhado um retângulo com vegetação de médio porte, existe hoje um edifício. Dessa forma entre a rua e a Capela foi construído um obstáculo que tapou totalmente a vista do pequeno e belo templo. 

  1. MIT CHAPEL
  2. KRESGE AUDITORIUM
  3. BAKER HOUSE DORMITORY/ Alvar Aalto.


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