Este extraordinário exemplar da arquitetura modernista, dos anos sessenta, da cidade de Miami é obra do arquiteto cubano Enrique Gutierrez. Terminado em 1964 em uma das esquinas da Biscayne Boulevard, Midtown, adquiriu tamanha importância para a cidade que foi, depois de uma enorme campanha liderada por um professor de arquitetura, incluído na lista dos seus monumentos históricos.
Exilada nos Estados Unidos da América após a Revolução Castrista, a empresa fabricante de rum sediou-se em Nova Iorque e mais tarde estendeu seus braços para a Flórida levantando em Miami este belíssimo exemplar arquitetônico.
Com linhas muito delgadas e um forte ortogonalismo o projeto orienta suas aberturas para as faces leste e oeste, paralelas à avenida principal, enquanto que as paredes norte e sul, de menores dimensões, restam totalmente vedadas. São nestas paredes que o edifício atinge seu clímax, com uma riquíssima decoração em azul e branco. As altas paredes exibem enormes painéis de desenhos brasileiríssimos, que passam uma ideia de tropicalismo muito conectada com a bebida. Ainda que estes desenhos tenham forte caráter regionalista (a maior prova disto é a presença de cajus, fruta típica do nordeste brasileiro e tema recorrente nas obras de Brenannd) seu apelo tropical é muito bem vindo e amplamente aceito no jeito de viver da cidade: bela fusão de culturas em uma iniciativa privada que serve de exemplo.
Exilada nos Estados Unidos da América após a Revolução Castrista, a empresa fabricante de rum sediou-se em Nova Iorque e mais tarde estendeu seus braços para a Flórida levantando em Miami este belíssimo exemplar arquitetônico.
Com linhas muito delgadas e um forte ortogonalismo o projeto orienta suas aberturas para as faces leste e oeste, paralelas à avenida principal, enquanto que as paredes norte e sul, de menores dimensões, restam totalmente vedadas. São nestas paredes que o edifício atinge seu clímax, com uma riquíssima decoração em azul e branco. As altas paredes exibem enormes painéis de desenhos brasileiríssimos, que passam uma ideia de tropicalismo muito conectada com a bebida. Ainda que estes desenhos tenham forte caráter regionalista (a maior prova disto é a presença de cajus, fruta típica do nordeste brasileiro e tema recorrente nas obras de Brenannd) seu apelo tropical é muito bem vindo e amplamente aceito no jeito de viver da cidade: bela fusão de culturas em uma iniciativa privada que serve de exemplo.
Com apenas oito andares de altura esse prédio adota uma modulação bem fracionada de seus caixilhos com o objetivo de provocar uma ilusão de ótica a fim de fazê-lo parecer mais alto do que realmente é. O observador é enganado pelo conjunto de pequenos azulejos e pelas várias folhas de vidro fixadas na horizontal. O que trai o projeto é a visão da lateral (vista da praça central e privada da propriedade) onde o volume da circulação vertical deixa aparecer a marcação das lajes, reforçada pela divisão da linha dos delgados vitrôs interceptados pela estrutura dos pisos. Mas esse detalhe não enfraquece a força do edifício nem compromete os diversos detalhes que mostram o capricho da composição.
Apesar de adotar linhas puras e volume simples, o projeto arquitetônico apresenta pequenos detalhes de extrema sofisticação e requinte, tal qual o par de leves e soltas escadas vistas do lado de fora do pavimento térreo, uma em cada extremidade do edifício de planta baixa retangular. Essas belas escadas brotam do teto (e preenchem o vão criado pelo balanço na área do alpendre) e aterrizam suavemente no nível da praça. Outros detalhes dignos de nota são a alternância das paredes decoradas com as outras envidraçadas e o volume dos elevadores bem solto e definido que abriga uma faixa também desenhada que culmina com um medalhão onde está o nome da marca de rum.
Infelizmente o dia, em que fotografei o prédio, estava nublado com momentos de chuva fina, porque em dias ensolarados os grandes painéis azulejados ficam inacreditavelmente belos com o contraste entre os diversos tons de azul e seu fundo branco muito mais evidente.
Estes magníficos murais de azulejos quadrados pintados nestes vários tons de azul sobre campo branco, são obra do ceramista brasileiro Francisco Brennand e datam de 1963. Feitos inteiramente no Brasil, foram transferidos e fixados nas fachadas do prédio em 1964, data da conclusão das obras civis.
Acima o painel com o nome da famosa bebida e abaixo a assinatura de Francisco Brenannd, acompanhado de seu logo e a data de fabricação das cerâmicas.
Foram utilizadas cerca de vinte e oito mil peças de cerâmica em todos os murais (que revestem externamente as paredes cegas) da torre principal do conjunto de edifícios da Empresa Bacardi da Biscayne Boulevard. Todas elas feitas a mão, retratam flores, frutos e folhas em linhas abstratas muito características do trabalho do artista pernambucano.
A iniciativa de buscar um artista plástico distante (ainda que renomado) e permitir sua livre interpretação artística, cujas linhas marcantes emprestam ao conjunto um ar bem tropical com um incontestável acento latino, é uma prova de que a boa arte não tem fronteiras e nem data. É certo, entretanto, que a localização da cidade em uma região quente, ensolarada e ventosa (à beira do mar do Caribe) somada ao DNA cubano da Bacardi, bem como às características inerentes do produto fabricado, formam um conjunto de fatores muito receptivo ao estilo do autor.
Em 1973 a empresa ampliou seus escritórios em um anexo separado por uma praça seca - onde se encontra no piso um mosaico com o logo do morceguinho. Este anexo não decepcionou e manteve em alto nível o padrão arquitetônico do conjunto. Este segundo edifício adota também linhas retas e modernistas mas, segue um partido completamente diferente do seu antecessor. Quadrado, suspenso do chão por um volume central que figura como um largo e denso pilar, permite um uso maior da praça oferecendo uma larga área sombreada como se fosse um cogumelo gigante. A parte elevada o prédio é totalmente forrada por um vitrô multicolorido que é uma verdadeira obra de arte a céu aberto. O intrincado vitrô forra as quatro fachadas e veda os dois pisos de escritórios retratando em seus desenhos o processamento da cana-de-açúcar sob a ótica abstrata de seu criador: o alemão Johannes Dietz.
Bonito o efeito promovido pelas cores fortes dos acabamentos. Em destaque o contraste entre a vitrificada cerâmica em azul cobalto do muro de arrimo da praça e o forte alaranjado no recuado corpo da base.
Acima folhas e abaixo frutos (cajus e romãs) e flores gigantes. Interessante o efeito dado pelo escurecimento da fachada na área onde a iluminação fica deficiente. Apesar da falha no projeto luminotécnico (se é que existe!) que cria focos mais iluminados que outros, é possível ver como a parede se comporta com diferentes graus e potências de luz. A luz branca e bastante clara é a ideal para o desenho bicolor. Abaixo uma visão do edifício com a parede em destaque. É certo que se trata de um prédio de época e deve, portanto, marcar a técnica construtiva e o estilo de seu tempo, mas se o caixilho fosse tampado pelos vidros e a estrutura fosse mais leve o tal peinel artístico teria um impacto ainda maior.
É uma pena que essa obra não seja do conhecimento da maioria dos brasileiros, até mesmo dos estudantes de arquitetura e artes plásticas. Lastimável também é a total falta de informação a respeito do prédio dos que escolhem Miami como destino de férias. Miami é muito mais do que uma simples parada para compras!
Nenhum comentário:
Postar um comentário