sábado, 30 de julho de 2011

Devil´s Pool

               A África é mesmo um continente plural. Gigante e riquíssima em patrimônio natural, guarda em seus domínios fenômenos geológicos que nos faz perder o fôlego. É exatamente isso que acontece quado ficamos frente à frente com as Cataratas de Vitória. Nem mesmo o alto ronco de suas quedas, que aumenta a medida que se aproxima do despenhadeiro, prepara a pessoa para o magnífico panorama que se segue. É de fato um dos maiores espetáculos da Terra.  


              A fotografia anterior, colhida da rede, mostra de maneira bem clara como as cataratas se formam e precipitam na enorme fenda que corta o planalto. Bem na direta da foto aparece metade do arco da VicFalls Bridge. O espetáculo é inesquecível. Famosa pela força de suas águas e pela insuperável beleza que encontra paralelo somente nas Norte-americanas Niágara e Sul-americanas Iguaçu, virou ponto de esportes radicais como o bungee jump e o rafting. Amantes desses esportes arriscam a vida despencando da ponte metálica ou enfrentando as corredeiras  dos fundos dos vales em águas cheias de crocodilos. Já a borda das quedas serve, (em épocas de baixo volume de água) como outro ponto de atração: nativos e turistas passeiam por cima das rochas, nessa época aparentes, arriscando a vida no alto dos mais de cem metros do paredão. Mas o passeio mais interessante é a visita à Devil's Pool. 


               As fotos panorâmicas mostram as Cataratas de Vitória, localizadas na fronteira entre a Zâmbia e Zimbabwe, onde o rio Zambeze encontra um desfiladeiro chamado de "Gorge Primeiro" (que nada mais é que uma enorme fenda no planalto) e despenca em um paredão de 108 metros de altura e cerca de um quilômetro e meio de largura para depois escoar por um sinuoso vale que ziguezagueia por entre cinco outros gorges.
               Em determinadas épocas do ano, entre os meses de setembro e dezembro, época em que o nível da água está mais baixo e seu fluxo é considerado seguro, é possível ir até essa piscina natural (foto acima), chamada (não sem motivo) de Devil´s Pool, formada na borda da porção mais alta da cachoeira. Uma parede de rocha natural impede a queda e permite que a pessoa nade o mais próximo possível da catarata. É muito legal. Apesar de ser tratado como algo seguro, é amedrontador, mas vale a pena. Há ainda aqueles que caminham (como já falado) por toda a borda das quedas por cima das pedras que surgem em virtude do nível baixo das águas até chegar nessa piscina natural, mas certamente tal proeza é  somente para aqueles que desafiam a morte ou não valorizam a vida.


               Na época da seca a catarata se subdivide em várias outras menores, com variação no volume de água, tamanhos e alturas, diferentemente de quando as águas estão altas, época em que a parede de água é única e seu volume de água é tanto e tão violento que o vapor em suspensão impede sequer de ver a cascata de perto. É uma maravilha natural que sustenta o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, concedido pela UNESCO. É a versão africana da "super-catarata". 


               O círculo preto marca o exato local da Devil's Pool. A piscina é alcançada com segurança a partir da ilha Livingstone (à direita da aerofotografia colhida na internet) que se constitui na maior porção de rochas e terra junto às quedas que nunca desaparece com as cheias do Zambezi. Chega-se até lá de barco, avançando pelo rio entre hipopótamos e crocodilos. A medida em que o barco se aproxima das cataratas a parede de vapor aumenta e o ruído das águas assusta. Nessa ilhota estão colocadas, uma placa e uma escultura, que homenageiam o descobridor, que batizou o maior fenômeno natural africano com o nome de sua rainha: a britânica e imperialista Vitória do Reino Unido.




               Aqui é possíver ver a Devil´s Pool de frente, a partir do Victoria Falls National Park no Zimbabwe. Fica exatamente onde a água tem menos espuma do lado direito da maior queda. A maioria das quedas estão no lado da Zâmbia mas as mais belas vistas estão no país vizinho. Em época de cheia as águas cobrem todas as rochas e um paredão branco desaba com toda a violência sobre o canion.



               Para se ter uma idéia do Gorge Primeiro: os dois paredões seguem em paralelo por cerca de um quilômetro e meio. Estou em uma das pontas da fenda nesse que é um dos destinos mais procurados do continente negro. 


               O mais alto bungee jump do mundo é feito aqui no meio da Victoria Falls Bridge, na fronteira entre Zâmbia e Zimbabwe. Feita totalmente em aço, adota um desenho de arco parabólico que vence um vão único com mais de 150 metros e sustenta um tabuleiro de 198 m de comprimento, a uma altura final de 128 m. Essa linda obra da engenharia civil cruza o Gorge Segundo, bem próximo às quedas e é a única ligação ferroviária entre os dois países africanos. A "Vicfalls Bridge" como é conhecida, foi inaugurada em 1905 depois de apenas 14 meses de obras e também serve para a passagem de automóveis e pedestres.

               É na realidade uma obra magnífica, mas poderia ser ainda mais bela ao ter seu desenho valorizado com uma pintura mais contrastante com o seu entorno. Com a atual cor ela se mistura na paisagem e se confunde com a cor do fundo rochoso dos gorges (desfiladeiros). Imagino uma cor bem vibrante e moderna cujo reflexo poderia inclusive amenizar os efeitos da intensa luz solar sobre sua estrutura metálica.




Eu sobre a linha de trem no meio da VicFalls Bridge. Bem que a ponte toda poderia ser pintada com o bonito azul dos guarda-corpos.

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