terça-feira, 2 de agosto de 2011

Cidade do Cabo

              A Cidade do Cabo é sem a menor sombra de dúvidas a mais interessante e linda cidade da África do Sul. Grande e cosmopolita é rica em belas paisagens, arquitetura, cultura e história. Muito organizada, sempre limpa e bastante preservada, promove o novo sem descuidar do velho. Com um sistema viário de dar inveja, bons hospitais, gabaritado parque hoteleiro e uma renomada universidade a cidade aparece como um dos destinos mais interessantes do hemisfério meridional e a meio caminho entre a América do Sul e o Oriente Médio e Índia. 



               A Protea é a flor nacional da África do Sul e existem inúmeras variações do mesmo gênero botânico, todas imensamente lindas e atraentes. Acima um exemplo de uma variação, dentre tantas, exposta em grandes cachos no mercado de flores da Cidade do Cabo. Essa grande variedade de formas fez com que seu nome derivasse do Deus Grego Proteu que tinha o dom da metamorfose.


               Não muito comentado entre os turistas, que preferem as áreas junto ao mar, o centro da cidade é muito interessante e cheio de boas atrações. Um comércio variado, e muitos exemplares de boa arquitetura oferecem atrativo de sobra para uma boa caminhada. Existem poucos exemplares de edifícios bem antigos que possam ilustrar a história local, mas bons exemplares dos séculos XIX e XX recheiam suas ruas. Desse modo, pode-se dizer que a cidade tem uma arquitetura bastante nova, ainda que tenha sido fundada em 1652.
             

               A eclética prefeitura da cidade. Majestosa, domina uma grande praça no centro. De sua sacada principal, Mandela fez seu primeiro discurso à nação após ser eleito em abril de 1994. A velha e infalível receita de colunata, frontão, parede imitando pedra e torreão!



              Edifícios com ares vitorianos e muito metal forjado em peças pré-moldadas aparecem no centro histórico. Lindos e irretocáveis mesclam por vezes a madeira e a cantaria. Avarandados generosos provam que o clima pode ser muito quente por aqui. O orgulho com a nação é uma tônica geral e permanente e uma prova disso é a bandeira do país pendurada na janela que marca a esquina: muito bom!!!!!!!


Acima a Long Street. A maior artéria comercial da cidade.


Holanda? Reino Unido? Não, Cape Town! Adorei essa fachada!


               O multicolorido bairro de Bo Kaap. Bairro de predominância muçulmana é cheio de mesquitas que se misturam com as inúmeras casas pintadas com vibrantes e acesas cores. Implantado em um plano inclinado reserva belas vistas e perspectivas ao turista que se delicia ao caminhar por suas calmas e acolhedoras ruas. As casas não possuem nenhum valor arquitetônico. Nem mesmo as tão aclamadas mesquitas. Com uma linguagem bastante simples, oriunda de uma ocupação turbulenta e segregária, o bairro compensa sua arquitetura pobre com a pintura de suas fachadas nas mais diversas cores. Desde tons pastéis até os encarnados vermelhos e fúccias, passando por todos os verdes, amarelos e azuis. O bairro é assim: alegre e vibrante. Justo por isso atraiu artistas e intelectuais e responde pela maior comunidade gay da cidade.



               No centro antigo, em uma das principais ruas de comércio atualmente transformada em calçadão (Saint Georges Mall Street), está fixada uma peça pré-moldada de concreto,  componente do antigo Muro de Berlim. Presente do governo alemão para Mandela, exibe as coloridas pichações (muito características) de protesto contra a infame divisão que vitimou aquele país. Um marco contra a opressão e segregação e um símbolo de liberdade. E a respeito de segregação os sul-africanos entendem bastante. Legal o fato de que aquilo que antes serviu para separar os povos, funcione hoje como elo de ligação moral entre eles. Um belo presente exposto bem próximo ao povo: na rua!



               Uma vista aérea do Cape Town Stadium, no litorâneo bairro de Green Point. Erguido no mesmo lugar de outro estádio  (Green Point Stadium) sediou oito jogos da copa do mundo da África do Sul. Lindo e branco faz contraste com o mar, mata e rochas da paisagem local.


A Table Mountain


               No topo da montanha existe um enorme planalto com cerca de três quilômetros de comprimento e larguras variáveis com vistas espetaculares do entorno e da Baía da Mesa imediatamente abaixo. Passeio imperdível. Nem sempre, entretanto, é possível acessar ao topo. Essa dificuldade se dá por causa do tempo sempre instável que pode mudar em minutos, apagando um dia claro e ensolarado com um denso nevoeiro. Quando isso ocorre uma estridente sirene toca seu alarme e obriga a todos que desçam o mais rapidamente possível. Por causa desse fenômeno natural a Table Mountain pode ficar fechada por muitas horas ou até por vários dias. 


               Para subir na Montanha da Mesa pode-se escolher entre duas opções: a primeira e mais aventureira é encher-se de coragem e subir pelas diversas trilhas a montanha a pé. Já a segunda, muito mais confortável e agradável é pegar o moderníssimo bonde giratório e ser elevado suavemente, apreciando toda a deslumbrante paisagem.



Acima e abaixo, à esquerda das fotografias, é possível notar a pedra conhecida como Cabeça de Leão que marca o local da Clifton Beach.



               Duas vistas da cidade ao fundo, com a Baía da Mesa em destaque. Na foto de cima aparece ainda a Robben Island, aparentemente bem próxima à costa mas distante o suficiente para servir de local para a instalação do presídio de segurança máxima famoso no mundo inteiro por ter sido o local do cárcere de Nelson Mandela. Quem vai visitá-la gosta. Eu não fui pelo simples motivo de não ser atraído por lugares que serviram de cadeia. Dispenso esse tipo de passeio, ainda que desaponte muita gente. A ilha é atualmente um bem tombado e preservado.



Acima e abaixo a belíssima praia de Camps Bay


Emoldurando a Camps Bay o final do maciço da Table Mountain com suas formações batizadas de Doze Apóstolos, ainda que não sejam 12!


               Rumo ao sul em um litoral bem recortado, desenvolveram-se vários bairros de classe alta, repletos de casas e edifícios dignos de nota. A arquitetura desenvolvida aqui é bastante variada e bem sofisticada. Nessa região estão localizados os mais charmosos e caros hotéis da cidade (com exceção do famoso, tradicional e classudo cinco estrelas Mount Nelson Hotel, onde um certo famoso tomou banho de piscina sem roupas...), bem como a noite mais interessante e concorrida. Gente linda andando em todas as direções, comendo em excelentes restaurantes e exibindo seus caríssimos carros é o que não falta por aqui.



              Eu, apreciando a paisagem a partir da areia branquinha que combina com o exclusivíssimo The Bay Hotel em um final de tarde bem movimentado... Tomar banho nessas águas é só para quem gosta de água muito fria e que não tem medo de tubarões! (risos)
                  Já, andando pelo Victoria & Alfred Waterfront, antigo e revitalizado porto da Cidade do Cabo, encontrei esta enorme escultura feita com engradados plásticos de garrafas do meu refrigerante favorito.



               Montado por ocasião da Páscoa era para parecer um enorme coelho, mas talvez pela falta das características orelhas, parecia mais um grande robô. Não importa, mesmo assim ficou muito legal. Pena que não se tratava de uma intervenção permanente.


              Estruturado com andaimes para não cair, consta que foram empilhadas cerca de vinte mil peças plásticas. Outras versões dessa mesma escultura foram erguidas em diferentes cidades do país. Todas, é claro, fazendo propaganda da marca.



Uma das pontes móveis do porto. Esta é a única levadiça.


               Esta é Praça Nobel com as estátuas dos quatro ganhadores sul-africanos do Nobel da Paz. São eles: Albert Luthuli, Desmond Tutu, Frederik Klerk e Nelson Mandela.Todos os quatro lutaram contra o regime de exceção, imposto pelos brancos, que negava aos negros direitos básicos inalienáveis.



               Aqui, a exemplo de São Francisco (Pier 39/ Fisherman's Wharf) e Buenos Aires (Puerto Madero) a prefeitura recuperou uma área degradada e esquecida, devolvendo à população parte do tecido urbano e muito da memória local. Bela atitude política ancorada em excelente planejamento urbano.



               V & A complexo comercial: um grande shopping center com hotel de luxo, voltado para a Baía da Mesa e cercado por um enorme conjunto de lojas, restaurantes e opções de lazer com uma bela implantação e vistas magníficas! Muito comum as pessoas confundirem o nome do porto trocando a letra "A" de Alfred para Albert. O certo é Alfred (nome do filho da rainha) e não Albert (nome do príncipe consorte, marido da rainha) como seria óbvio.



               Este é o local preferido na Cidade do Cabo para passear. Cheio de calçadões na beira do porto,  possui praças, fontes, lojas, bancos, bares e restaurantes além de um aquário. É também o local de onde saem os passeios marítimos e aéreos feitos pela cidade e arredores. A arquitetura aqui é bastante comercial e com ares mais descontraídos devido à sua proximidade do mar. Sem nada de muito especial na sua arquitetura (a beleza resido no fato de ser junto ao mar) mantém as velhas estruturas (repaginadas e muito bem conservadas) como pontos focais de maior interesse. Atitude inteligente quando se quer preservar um pouco de história.




Aquários são sempre uma diversão!


               O aquário municipal não possui um edifício que se destaque na paisagem, como o que acontece em outras grandes cidades pelo o mundo afora (Lisboa, New Orleans, Chicago, Santos, etc...), mas por dentro é bastante completo. Na verdade o que evidencia   sua existência é um tímido conjunto de bandeiras hasteadas em sua frente somado a uma  grande placa na fachada e alguns displays com imagens dos seus tanques. Apesar disso em  sua frente foi instalada uma parada para os ônibus de turismo que rodam ininterruptamente e em horário comercial pelos locais de maior interesse.


Aqui o tanque dos predadores.


               Outro passeio imperdível é o Jardim Botânico de Kirstenbosch que figura entre os mais importantes do planeta. Há quem diga que a flora da região do Cabo é a sexta mais importante em número de espécies e em quantidade de plantas endêmicas, a despeito de sua pequena área de abrangência.



 A seguir os encantadores, mas fedidos leões marinhos.


               A Seal Island perto do bairro de Hout Bay, que aparece ao fundo na foto abaixo a partir da estrada que leva ao Cabo, é uma formação rochosa aparente na superfície da água que vive repleta desses animais. O passeio de barco até os leões é bastante rápido e muito seguro, sem contar que é muito procurado. Atração indispensável para a garotada. Para os adultos vai depender do tempo restante, e se não estiver acompanhado por alguém com menos de 11 anos de idade.





               A paisagem do Cabo da Boa Esperança é fenomenal. O lugar é lindo, lindo, lindo! O clima também colaborou bastante e nem por um momento passou pela cabeça que um dia foi chamado por Bartolomeu Dias de Cabo das Tormentas. De um lado o Oceano Atlântico e de outro o Índico, ou pelo menos a Baía Falsa.


               A Cidade do Cabo, espremida entre a montanha e o mar, faz lembrar sua cidade irmã Rio de Janeiro a todo o momento. E no Cabo da Boa Esperança não é que o Rio é lembrado novamente...


          Acima uma vista da praia de Boulders onde centenas de Pinguins do Cabo descansam e procriam. Abaixo Simon's Town, uma pequena cidade que durante anos serviu  de base marítima para a marinha britânica. Atualmente, ainda com predomínio branco, serve como importante porto militar da nação. Sua arquitetura é encantadora e remete às cidades caribenhas de sotaque europeu. 




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