domingo, 21 de agosto de 2011

Mount Vernon

                Mount Vernon, foi residência e sede da plantação que George Washington possuía nas margens do rio Potomac, nos arredores da cidade de Alexandria, Estado da Virgínia, ao sul da atual capital dos Estados Unidos da América. Seguindo o estilo Georgiano, todo construído com madeira, o edifício domina uma colina e desfruta de uma linda paisagem sobre o rio. As linhas neoclássicas características desse movimento arquitetônico da América do Norte são bem expressivas nessa casa. Predominantemente branca, possui pequenos detalhes em cor que não interferem no contraste entre as telhas vermelhas, paredes alvas e folhas das janelas em marinho. Muito característica da cultura local, é representante clássica das antigas casas que estabeleceram o padrão estético da classe rica tradicional, até hoje reproduzido em todo o país.

A fachada principal a partir do pátio de chegada.

               Interessante o detalhe que apresenta a parede de madeira, com corte imitando pedra. O desenho das casas e sua execução eram de responsabilidade de mestres carpinteiros que tinham como base e referência os desenhos importados da aristocracia inglesa; por isso a madeira tentando imitar a pedra.  
               A porta da esquerda dá acesso direto para a sala de jantar formal, a do centro ao hall da grande escadaria e a da direita liga a biblioteca ao exterior. Imediatamente acima da biblioteca ficava o dormitório do proprietário.
               A fachada apresenta ainda ao redor da porta principal, uma saliente marcação, muito típica do estilo. Esse expediente decorativo para marcar hierarquicamente a entrada principal de uma casa, era motivo recorrente nos imóveis da burguesia. O triangular frontão sustentado por um par de colunas, geralmente utilizado como alpendre, fazia referência aos pórticos dos templos clássicos da antiguidade e eram na maioria das vezes mais afastados da fachada com o intuito de proteção. Claramente decorativo, aparece aqui chapado ao volume e sem a menor intenção estrutural: é tímido e um pouco acanhado.


               Mount Vernon foi passada à Washington por herança paterna, que depois comprou de seu irmão a parte a ele destinada. Como único proprietário da casa e senhor absoluto das terras que a rodeavam, pôs-se a aumentar e melhorar a propriedade. Dessa forma a casa foi remodelada segundo a planta de uma Villa Palladiana. Dessa última intervenção a casa apresenta as arcadas quadrangulares da grande varanda dos fundos, a cúpula octogonal da cumeeira do telhado e o amplo frontão, triangular, ao centro da fachada principal. Em determinados pontos a casa sofreu uma maquiagem estética, para ocultar ou disfarçar algumas assimetrias originais da primeira remodelação, seguindo fielmente os ditames dos tratados ingleses de arquitetura. 
               Atualmente é um museu colonial que mostra um pouco da vida do ex-presidente. É também uma amostra de como vivia a classe dominante nos últimos tempos de colônia e nas primeiras décadas de país independente.


               A fachada da parte de trás da casa é voltada para o rio e possui um varandão com colunata que vence os dois andares da casa e apóia o telhado de quatro águas. É fácil notar no volume do telhado, cuja inclinação é repentinamente alterada, que a área avarandada é posterior à casa. Esta grande varanda auxilia a reparar os "defeitos" da antiga construção que não obedeciam à simetria palladiana. A casa era dividida em três pisos: o térreo para as salas e biblioteca, o superior para os dormitórios e o sótão para dormitórios e depósito. A cozinha, dependências para empregados e oficinas eram dispostos em dois anexos conectados, cada qual, ao corpo principal por um alpendre arcado e curvo. Os anexos locados perpendicularmente ao corpo da casa (um no lado direito e outro no esquerdo), assumem a idéia de pavilhões e ajudam a enquadrar o grande pátio de chegada.  

               Casa Gerorgiana: por volta do século dezoito o estilo mais freqüente dos Estados Unidos era o Georgiano com clara influência do Palladiano em voga no Reino Unido. Suas casas geralmente com formato retangular e planta baixa bem simplificada suportavam um telhado de quatro águas e grande inclinação. Suas aberturas, chaminés, águas furtadas e elementos decorativos tinham disposições rigorosamente simétricas.



               Apesar do estilo Georgiano ganhar seu nome por causa dos reis do Reino Unido (no período marcado entre os anos de 1720 e 1850), não são raras as referências palladianas em suas edificações. Aqui em grande destaque, dominando uma das fachadas laterais, aparece esta maravilhosa janela tripartida que ilumina a sala principal da casa. Esta janela, também conhecida por Janela Serlina ( Andrea Palladio e Sebastiano Serlio foram os responsáveis por sua popularização), apresenta um grande vão central coroado por um arco pleno, ladeado por dois outros mais estreitos e mais baixos com topo reto (lintel ou verga). Aqui ela ganha ares mais elaborados com adição de um frontão bi-partido e quatro colunas com almofadões em rebaixo. Esse estilo classicista vai ser a tônica dos novos e imponentes prédios federais da nova capital ianque. 
           Pena que os curadores do museu-fazenda, ainda não se deram conta de como o medonho (ainda que necessário) tubo de queda pluvial atrapalha e enfeia a visão da bela abertura, bem como a casinhola ao lado. Esta casinhola me parece a entrada do porão da casa, muito típica nos países frios da América, aberta diretamente ao exterior por meio de um lance coberto de escada. Existem duas delas, uma de cada lado da casa. Poderia ser uma só! Será que é original? O cano proveniente da calha certamente não é!


          Além da influência do estilo de Palladio, reinterpretado pelos britânicos e absorvido pelos jovens Norte-Americanos, este estilo arquitetônico guarda clara influência do Barroco, do Romântico e do Neoclássico.
          


               Ir até Mount Vernon é muito fácil e rápido. Para quem está na Capital Federal com tempo é um passeio quase que obrigatório. A pouco menos de uma hora de distância, percorrendo uma estrada agradável e tendo sempre o rio Potomac ("rio da nação") como companheiro, perde-se apenas uma manhã. Tido como um dos sítios históricos mais importantes do país, é uma página aberta ao passado muito bem editada e bastante didática. A casa além de ser uma aula de arquitetura, levanta muitas questões históricas: restaurada, muito bem conservada e mantida intocada em suas características, reproduz exatamente como era a vida senhorial do primeiro presidente (do país recém formado) e sua família nos domínios de sua propriedade rural. Há uma mini fazenda, pier, estábulos, oficinas e jardins. 






     Lá também está enterrado Washington, que repousa junto ao seu filho e esposa, em um pequeno mausoléu de simplicidade rara de ser vista nas terras do "Tio Sam".


O mausoléu.

               O museu é provido com uma estrutura enorme de apoio contendo vastos estacionamentos, restaurante, praça de alimentação, lojas, auditório, galeria de retratos e muitos locais para descanso e entretenimento ao ar livre.






Na fotografia anterior uma vista da mansão a partir do meio do leito do rio Potomac.

               Caso queira gastar mais tempo e visitar Alexandria, não é má idéia. Alexandria é uma cidade que guarda um bairro inteiro do período em que foi fundada no ano de 1749. Suas construções históricas são lindinhas e suas ruas inserem uma atmosfera cordial e pacata. Vale muito a pena descobrir os encantos desse endereço. A cidade é como se fosse o bairro de Georgetown em D.C. aumentado à décima potência. Muito legal. Aqui é também o local onde ergueram o George Washington Masonic National Memorial que também vale uma visitinha.



               Templo maçônico em Alexandria. O desenho lembra muito uma das versões atribuídas ao lendário farol da homônima cidade egípcia.


Escultura de George Washington no interior da grande nave do templo maçônico em Alexandria.

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