domingo, 7 de agosto de 2011

Florianópolis

Catedral Metropolitana de Florianópolis

                  Localizada na principal praça da cidade (Praça XV de Novembro) essa construção ocupa um lugar de destaque no traçado original do antigo povoamento colonial português, batizado à época de Nossa Senhora do Desterro, tratada tão somente como Desterro após a proclamação da República. Antiga igreja de estilo açoriano foi ganhando elementos arquitetônicos, acoplados durante os anos, que lhe alteraram a forma. É fácil, contudo, perceber o corpo da igreja antiga ao centro. As torres, o alpendre frontal e os dois laterais com linhas neoclássicas são posteriores. O volume central com o óculo e o antigo portal com pedra de lastro portuguesa, denunciam o estilo original. Parece um brinquedo de montar onde cada época é representada por uma peça. Interessante o fato de que o par de torres não tem a menor pretensão de esconder os estágios de sua "subida aos céus". Simplório e quase infantil o desenho da fachada acaba agradando mais pela plasticidade das superfícies lisas do que pela altura pretendida. O arco que acolhe o sino, e ao mesmo tempo o deixa a mostra, é um elemento de valor na volumetria do edifício, pois interfere pouco e alcança uma simbologia bem forte. O mesmo resultado feliz não teve o relógio sub-dimensionado proveniente de outro edifício público do conjunto de prédios que rodeiam a praça da matriz. 
                     Depois de inúmeras cores parece que o amarelo foi tom que mais agradou, fazendo fundo para os detalhes em frisos e molduras brancas com pretensões neo-clássicas. 
             Sua escadaria é palco das mais variadas manifestações e seu largo pavimentado com pedra portuguesa em desenhos modernos serve para os mas diversos fins. Isso é bom para a cidade, que apesar do acelerado e desfigurante aumento de seus limites, ainda tem no Largo da Catedral o seu mais democrático e usado espaço aberto.


               Consagrada à Nossa Senhora do Desterro, título católico dado á Virgem Maria em razão da fuga forçada rumo ao Egito, tem o ano de 1773 como a provável data da conclusão do segundo prédio com linhas coloniais, erguido a mando do então governador Brigadeiro da Silva Paes, em substituição da modesta e original igreja construída anos antes pelo Bandeirante Francisco Dias Velho.

              Quando for a esta igreja procure pela escultura que retrata a Sagrada Família em fuga para o Egito. A peça entalhada à mão pelo escultor austríaco Ferdinand Demetz é linda! Na verdade, linda é pouco. A perfeição dos traços e a composição são sublimes, ainda mais quando se sabe que a obra foi feita entalhando primorosamente somente dois blocos de madeira. No maior aparecem a mãe, o filho e o animal e na outra o pai ao lado do conjunto. A cena mostra Jesus ainda bebê, no colo de Maria, montados em um asno guiado por José na tradicional passagem do Evangelho de Mateus. As imagens são divinamente retratadas nessa alegoria bíblica, mas sofreram com uma restauração mal feita e ficaram escurecidas. Parece que uma nova restauração para restituir a policromia original faz parte dos planos de restauro de todo o edifício. Procurar é o termo certo, já que não possui um altar ou um local determinado, ficando de um lado para o outro sem o destaque que merece. Caso fosse em algum outro país, onde a preocupação com o patrimônio é coisa séria, certamente estaria em um local climatizado adequadamente, com iluminação apropriada, sistema de segurança e espaço para a contemplação. Possivelmente estaria em uma sala de algum museu importante. Não creio, entretanto, que deva ser retirada da igreja. Penso somente que deva ser tratada com mais respeito e admiração.                

Nenhum comentário:

Postar um comentário