quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Viena

Um breve passeio por Viena:

Pavilhão da Karlsplatz


                Karlsplatz é uma grande praça no centro de Viena, próxima ao Ringstrasse (avenida em forma de anel que contorna o centro antigo) onde foram construídos dois pavilhões para servir ao sistema de metrô da capital. Na foto aparece um deles. Datado de 1899 segue no estilo Art Nouveau da época.
               Esse elegante pavilhão é projeto de Otto Wagner, que desenhou e planejou o primeiro sistema de metrô implementado no século 19. Com estrutura de ferro pré-moldado recebe uma delicada decoração, com girassóis dispostos de maneira bem ordenada em um friso gigante, que acompanha a volumetria das fachadas. Sua pintura em branco, amarelo e dourado é complementada pelo verde do cobre do telhado repetido na estrutura de ferro. Estão entre as edificações mais conhecidas de Viena e para tanto, não faltam motivos.


Prédio da Secessão




               O movimento conhecido pelo nome de Secessão foi a versão austríaca da Art Nouveau. A arquitetura da Secessão de Viena originou-se do movimento vienense de arts and crafts que levou para o espaço construído elementos já difundidos nos desenhos de vidros, tecidos, cerâmicas e metais. Ganhou força, a reboque dos movimentos em ebulição nos países vizinhos, pelas mãos de arquitetos cujos ideais contrariavam as convenções e paradigmas da época. Os temas naturais, com ênfase nos motivos florais e recorrentes nas artes, foram então difundidos na arquitetura.


             Josef Maria Olbrich projetou a Casa da Secessão para servir de galeria e vitrine para os artistas do novo movimento, que através das portas de bronze assinadas por Gustav Klimt (o mentor e líder do movimento) recebe o visitante sob a inscrição: "Para a Época, Sua Arte, Para a Arte, Sua Liberdade".
            Tinham como propósito romper com o tradicional e desse modo Olbrich projetou o edifício com maestria. Resultou em um edifício monolítico, com poucas aberuras e encimado por um domo em filigrana metálica de folhas douradas. Esse domo, muito marcante e muito bonito tem seus detalhes repetidos nas paredes sobre a porta principal. Vazado permite a passagem da luz  e compensa a simplicidade do restante do prédio. No interior do prédio, encontra-se o famoso friso Beethoven de 1902 de autoria de Klimt.
             O movimento da Secessão evoluiu (no que se entende atualmente como a segunda fase) para uma arte com linhas mais simétricas e viés mais geométrico e menos rebuscado que as linhas Nouveau iniciais.


            Esse edifício foi quase que completamente destruído na segunda guerra mundial e totalmente recuperado nos anos que se seguiram, transformando-se em um dos maiores símbolos da capital vienense. No ano de 1986 a famosa obra de Gustav Klint, concebida tendo por base a nona sinfonia do compositor alemão (muito cultuado na época do movimento austríaco), voltou a ser fixada nas paredes onde originalmente tinha sido exposta, proveniente da coleção particular de um importante industrial, culminando com os trabalhos de restauração do prédio.
               A grande cúpula vazada feita de uma renda de folhas douradas é o grande diferencial do projeto arquitetônico. Apelidada pelos locais de "O Grande Repolho", pousa incólume sobre o pesado volume do prédio. Ainda que represente o estilo do início do século vinte muito caracterizado pelas linhas livres e leves (principalmente na França e Bélgica) o prédio é bastante pesado e muito vedado. Longas paredes lisas servem de fundo para pontuais detalhes de relevos e esculturas tradicionais e típicos do Art Nouveau. Esse ritmo e esse  posicionamento dos relêvos, entalhes, alegorias e demais elementos decorativos são muito particulares do movimento austríaco e conferem personalidade ao Edifício da Secessão Vienense que parece antever o futuro Art Déco, em suas composições de planos e sub-planos e nas suas linhas com ares mais "industriais".
               Particularmente eu adoro este resultado plástico que faz o edifício parecer uma caixa decorada com filigranas em desenhos rebuscados e complexos. Gosto do fato de poder desfrutar e admirar cada desenho de forma independente e isolada sem que um interfira no outro. Gosto também, da acentuada simetria dos planos e formas, enriquecidos pelos dourados e pelos entalhes que sempre emolduram um elemento arquitetônico de importância.
                    





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